quarta-feira, 11 de março de 2009
De amores e crianças
Sae da escola com esse ar de anjo ultrajado. Tem uma queixa que é quase uma denúncia:
-Inés tirou-me da camiseta, e depois me chamou tonto e me pegou e ademais empuxou-me...
E quase não dá o relato para fazer a pausa e respirar.
-Todo isso, Inés?
-Si....
E esse “si” é um si sostenido de víctima em falsete.
-E pediu-te perdão?
-Não... é má, Inés... não me pede perdão...
Triste e trabalhando o seu mimo como pescador o mar.
Mas de pronto eis o autocarro da escola que passa cheio de crianças e lá na janelinha, com a mão muito aberta em zigue zague, uma menina: toda cinema mudo de boca aberta e riso.
-Papá! papá! ali vai Inés! é Inés! Inéeeeees!!!!!! Inéeeeess!
É a Inés que saúda e o Nico que saltita quase a voar cheio de alegria.
Só os meninos saben voar así, non é?
ResponderExcluirSó eles. Só eles sabem voar, e perdoar e esquecer e ser felizes e desgraçados. Só eles.
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