Lemos o conto da noite, sentados na cama. A luz tem a medida deste recanto pequeno em que existimos sozinhos. Ele apóia a cabecinha cansada no meu ombro. Eu leio uma aventura de submarinos e homens arriscados. De pronto interrompe, sinala o meu pescoço e adverte:
-Olha mamai, o quê tens no pescoço?
Eu levo a mão e não percebo:
-Não sei Nicolás, o quê tenho?
E com essa voz pequenina que envolve a verdade como se fosse de vidro:
-Mamai, estás um pouco velhinha...
A verdade não dói. Acaricio a sua face e sorrio:
-Pois é, Nico, tou um pouco velhinha.
Mantém um bocado o seu olhar na minha pele. Não sei o que pensa. Beija-me devagar, como quem limpa uma ferida e o conto continua entre as aranheiras do sono.
A verdade do espelho, também é de vidro.
Qué manía tienen estos niños con vernos mayores! Con lo estupendas que estamos (ahora que casi nadie nos oye) :-))
ResponderExcluirhe de reconocer que ultimamente yo también me veo um pouco velhinha...y no me molesta...
beijos