segunda-feira, 17 de agosto de 2009

De teclas, beijos e distâncias.

-...
-Olá?
-Olá mamá...
A voz devagar, com esse carinho com que pronunciam as crianças a língua recém estreada.
-Olá, Nico. Como é que falas tu pelo telefone?
-Sou mui listo, dei-lhe à tecla verde…
-Claro, qué listo!
-Mamá?
-Di-me
-Por quê me falas?
-Queria saber como estavas...
-Onde estás?
-Tou a trabalhar. Vou logo. E tu que estás a fazer?
-Eu estou a ver uma peli...
-Bem, eu vou logo para comer contigo e com Clara.
-Vale.
-Vale, um beijinho. Quero-te muito.
-Eu também, mamá.
Soa um beijinho que estoupa na minha orelha como uma bolha de sabão.
-...
-...
-Nicolás?
-Mamá?... mamá, onde lhe dou agora?
-À tecla vermelha.
Silêncio. Um silêncio pequeno como um quarto de estar no que adivinho a sua orelha ainda enconstada à minha e as suas mãos miúdas segurando a minha voz.

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