domingo, 3 de janeiro de 2010

Sinais da vida



O primeiro dia do ano fomos ao Rosadoiro. Tem um nome precioso, mas não é um lugar longínquo nem turístico. A Lagoa do Rosadoiro fica perto do lugar onde trabalhamos, num polígono industrial cheio de naves e oficinas, rodeado de estradas e mesmo engarrafamentos nas horas de chegada e saída do trabalho. Ainda assim, entre carros e fábricas, no Rosadoiro moram as aves, como retalhos de vida. Nos meados de Março procuro todos os anos a chegada das primeiras andorinhas, mesmo desde o carro, em quanto o carro avança e espera, atrapalhada no trânsito. Elas trazem o verão nas penas e eu fico feliz constatando o novo começo do ciclo. Mesmo, desde há anos, envio já desde o carro, um sms a todos os amigos que aguardam a chegada do calor e da luz.
Estes dias via pousadas nas árvores peladas umas aves grandes e pretas. Como fantasmas aguardando um destino. São umas aves grandes, desproporcionadas para as ramas em que pousam. Por isso, porque são estranhas e a diário não tenho tempo de parar, decidimos começar o ano olhando para esta lagoa quotidiana que pinta essa distância irreal entre o dia que vivemos e o dia que desperdiçamos. Essa casca da vida que tiramos e em que, como dizem as mães, fica toda a vitamina.
Levamos prismáticos e olhamos. Pousadas nas ramas, grandes, vimos corvos marinhos. Segundo X. são corvos marinhos ainda novos, e ainda nos perguntamos como é possível que aves palmeadas pousem em ramas.
Não foi a única surpresa. Em quanto observávamos esvoaçaram sobre a água uns pássaros pequeninhos e rápidos. O coração deu-me um salto: “Olha são aviões!” E, com efeito, são aviões, essas hirundínidas, (quer dizer: quase andorinhas), que a estas alturas do ano teriam de estar a brincar nos calores do norte de África.
Talvez seja todo um sinal de alerta que a Terra envia. Mas foi um privilégio poder estar ali e surpreender-se.

8 comentários:

  1. Un cormorán subido a una rama, possível desde luego!
    Este clima lo cambia todo. Dile a X que suba las fotos Flickr, que comparta!!
    Beijinhos

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  2. Se lo diré, de momento subo esta muestra que me ha pasado. Lo del cormorán es alucinante, pero lo de las golondrinas (aviones) es excesivo! Pobre Bécquer, que dijo mi amiga cuando se lo connté!

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  3. Algunas mañanas cuando vamos a trabajar, mi amiga Elena y yo nos reímos "desbardallando" acerca de las mutaciones genéticas que deben de sufrir los habitantes de esa laguna con tanta industria humeante alrededor y nos imaginamos que es como el lago de Springfield de los Simpson, con peces de tres ojos y cosas de esas.
    Esas golindrinas en enero y esos cormoranes en las ramas no hacen más que reforzar nuestra teoría.
    Seguiremos investigando...

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  4. É certo Maria, mas às vezes está tao linda! É um descanso passar por ela todos os dias.

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  5. Adicionadas as fotos ao FLickr. Pero nom vaiades pensar que se vam ver muito melhor. Os bichos estavam longe e eu nom tenho uma boa cámara.
    Parece ser que se trata de corvos marinhos reais (cormorán grande) en vez dos habituais corvos marinhos cristados (cormorán moñudo) que se vem nas rochas das rias. Disque en estes non é tam estrano que se pousem nas árvores nim que esteam numha lagoa, pero é a primeira vez que vejo um ave palmeada agarrada a uma rama. O juro.

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  6. Las he visto también en Flickr. Yo estoy con María, también imagino toda clase de mutaciones. Tienes razón Pau, si Bécquer levantara la cabeza...qué lejos cae de esto!

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  7. Lo que siempre me asombra de tí es que cuando estoy contigo no percibo que tu mirada sobre lo que nos rodea sea tan intensa. Y tiene que serlo para que puedas describirlo todo como lo haces. ¿O es que tienes memoria fotográfica y esperas a llegar a casa para plasmarlo sobre el papel? Como un cormorán, tienes la mirada de la pluma del escritor.

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  8. Son sensaciones. No sé cómo se podría ver la "mirada intensa".. te miro todo lo "intenso" de que soy capaz..;))
    Son sensaciones y luego equilibrio, castillos de palabras...
    beijinhos.

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