Depois da tormenta, na calma da noite, protegidos pela morna luz do quarto e as palavras pacientes dum livro de contos.
-Tiveste medo pelos raios, Nicolás?
-Nao, mamai, é que às vezes os dias ladram...
-Ladram?
-Si, os dias ladram.
Fico um bocado parada tentando compreender a sua capacidade inata para a metáfora. Mesmo invejando a frase.
-Mas Nicolás, quem disse isso? como é que os dias ladram?
Entao sorri e abre simplesmente os braços, palmas com a verdade exposta:
-Disse-mo Deus, claro! Ele sabe tudo.
Silêncio. Ele ainda nao sabe que eu nao acredito em Deus.
-Nico, sabes? Isso que fizeste chama-se poesia.
-Poesia?
-Poesia.
-Nao sabia
E continua a procurar no livro de contos o que leremos esta noite.
José Luís Peixoto na Feira do Livro de Miami, 2024
Há uma semana
Essa metáfora chora por um poema inteiro.
ResponderExcluirPois teremos que esperar, porque o Nicolás tem apenas cinco anos... esperar, ou pedir emprestada a metáfora até que ele saiba o que fazer com ela, claro está. Que certamente, acabará por saber o que fazer.
ResponderExcluirCualquier día te sorprende, que este es un conquistador :)
ResponderExcluirNo me saco las frases de Gioconda Belli que has puesto en el post...a veces uno se chupa los dedos y otras parace que nada vaya a llenarle...cómo se puede una identificar con eso....
Bjs
Es fantástica, Amalia. Si no la has leído, tienes que hacerlo. Déjame regalártela... bjs.
ResponderExcluirTe dejo! Claro! Yo hago un postre de chocolate, tú traes el libro...
ResponderExcluirNo deja de sorprenderme Nico y tampoco deja de hacerlo tu forma poética de contar.
ResponderExcluir