sábado, 21 de novembro de 2009

Linguagem

Sabe que não se podem dizer palavrões, mas a tentação é muito grande e procura sempre o jeito de pronunciar.
-Olha mamai, não vou dizer palavroes, mas vou desenhar.
Colhe a quadro magnético e faz uma garatuja com ar de artista enraivecido.
-Já está! Desenhei “merda”. “Merda” é um palavrão feio! Olha como é feio! Agora vou desenhar “joder”, que é ainda mais feio!
E mais uma vez endemoninhado, garatuja linhas curvas e riscos violentos por todo o quadro.
-Mas Nicolás, isso nao está bem. Os palavrões nao se falam e também nao se pintam. Deixa essa brincadeira.
-Vaaaleee- concede com a sua pequena paciência de quatro anos, da que apenas experimentou o gesto da cabeça e tom da voz–Vou desenhar agora palavrões boínhos.
-E posso saber quais são os palavroes boínhos, Nicolás?
-Pois é, mamai, são os que se podem dizer e não se passa nada, por exemplo “será possível”, “me cachis”, “jolín”... “me caho na mar”...
-“Me caho na mar” não, Nicolás, também é feio...
-Vaaale...- outra vez concede- vou desenhar “jolín”!
E então, com calma, desenha um círculo com um diámetro que o cruza num sorriso amável. E depois continua com outras interjeições variadas, que também têm olhos e nariz, que são mais grandes ou mais pequenas... E eu penso que o Nicolás, com a sua cabecinha de criança, está a fazer a fantástica descoberta da linguagem.

3 comentários:

  1. Qué gusto me da verlos hacer esas cosas! Estoy viendo esa cara de estarte retando que pone Nico! Me encanta!
    Besos

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  2. A mí, educación a un lado, también me encanta!

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  3. Qué bonito eso de dibujar las palabras! Voy a tratar de dibujar alguna, a ver que me sale, aunque no tenga ya la frescura de un niño de cuatro años.

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