Soa de pronto o Carmina Burana. Alto e poderoso. Rompe nos ouvidos e na nossa cozinha como uma onda marinha, como o granizo que está a cair contra os vidros. Os olhos do Nicolás alagam-se de tristeza e diz com uma voz aflita um bocadinho impostada:
-Mamai, penso que vas morrer ...
Com as luvas de goma e a baeta ainda nas mãos, volto-me cara a ele:
-Claro, Nico, eu vou morrer um dia, mas ainda falta muuuuuuito tempo. E quando eu morrer tu vas ser maior e...
-Já sei mamai, mas é que esta música tem veneno, e por isso vas morrer.
Não sei como sentem as crianças a música, mas escutam qualquer coisa, algo não escrito, que depois, um bom dia, deixa de soar.
José Luís Peixoto na Feira do Livro de Miami, 2024
Há uma semana
De quién habrá heredado Nico esa sensibilidad? As crianças..quem poidera selo um bocadinho cada día...
ResponderExcluirBeijinhos
Son siempre una sorpresa los niños. Sus razonamientos son a veces de una lógica aplastante, desarman.
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