Nicolás gosta do mar. Gosta do mar bravio, do mar calmo, dos peixes, das algas, dos barcos, das velas, dos polvos e das lulas, das estrelas de mar...
Mas hoje no pequeno almoço, falou:
-Mamai, eu odeio estrelas de mar.
Fala com ressentimento. Com uma voz ressacosa e repensada.
-As estrelas de mar? odeias estrelas de mar? mas são lindas, Nicolás! Elas são estrelas!
-São estrelas. Mas elas abraçam o mexilhão com muito carinho e apertam-no e parece que o querem.
E enquanto fala abraça um vazio pequenino contra seu peito como se embalar um boneco para adormecer.
-Elas são estrelas, mamai. Mas elas abraçam o mexilhão e depois... engolem! Abraçam e depois engolem. Odeio estrelas de mar.
Não é qualquer coisa a ver com a supervivência, trata-se cá de falsidade e traição. De formas.
José Luís Peixoto na Feira do Livro de Miami, 2024
Há uma semana
Tiña razón en sentir resentimento: un cruel descobrimento. Qué pasada de neno!
ResponderExcluirPois é.
ResponderExcluirComo siempre, estamos compenetrados Nico y yo! Ahora ya sé por qué a pesar de llamarse estrellas nunca me gustaron las estrellas de mar. Falsas!!!
ResponderExcluirPues a mí me parecen lindas... Pero si, falsas un rato largo... Ya eso de pretenderse estrellas...
ResponderExcluir