domingo, 13 de fevereiro de 2011

Mais uma vez, Deus.

Vamos de carro. O céu ameaça com não oferecer trégua na chuva que está a cair desde a noite. Apenas uma raiola de sol sobre o mar lá no horizonte. O Nicolás vá calado a olhar pela janela. Na rádio uma mulher canta Haendel. O Nicolás va calado, mas a sua cabezinha não sabe descansar:
-Mamai, o Vítor fala em que Deus já morreu.
Pelo jeito de dizer, bem sei que ele censura o que Vítor fala, que não concorda e que já tem o argumento.
-En então, Nicolás?- digo por dizer e para lhe abrir o caminho.
-E entao eu digo que está morto, porque morreu, mas está vivo no céu. Está vivo no céu- repite - Como nós.
-Como nós?-
-Como nós, mamai, que também morremos mas seguimos vivos no céu.. não é? Morremos aqui, mas seguimos a viver no céu para sempre. Pois Deus é igual. Está vivo no céu. Porque é mágico. É assim, mamai?
E claro, eu não acho a palavra que possa romper a sua fe diminuta e certa como semente. Deixo um bocadinho correr a voz da mulher que canta Haendel e depois vejo os olhos do Nicolás no espelho do carro, ainda à espera.
-É assim, Nicolás, claro que é.
Mas o corvo que eu levo dentro grasna triste e insolente, que não, que não é assim, que não.

2 comentários:

  1. Cómo que no? Pues es muy parecido entonces...Yo estoy- como siempre- con Nico :)
    Y si no quieres verlo así, pues piensa que vivimos para siempre en los corazones de quienes nos recuerdan, que ven sendo o mesmo (ñoño decías tú por el post anterior?XD)
    Beijos

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  2. Sei lá... Amalia. Igual tenéis razón... ojalá sea así.

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