Colhe o garfo na mão e enquanto procura umha batata frita, começa a falar. É a hora da ceia, onde vai desabar o dia.
-Júlia chamou-me tonto...
-Júlia? a tua amiga?
-Sim, Julia. E também cuspiu-me...
Agora meio choroso porque sabe da progressão do dano e da lástima que inspira, ambos proporcionais e concordantes.
-E nao lhe repreendeu a professora?
-Não.
-Mas então, como é que a Júlia fez uma coisa tão feia?
A mamá pode intuir pelos indícios, pelo seu olhar dentro do prato, pela mão que sustém a cabecinha tão afectada na mágoa...
Silêncio. O garfo remexe as batatas procurando palavras. Mais silêncio.
-E então?
E de pronto, como se a mão liberasse a língua, o garfo como uma espada, a boca aberta e os dous braços em alto:
-Pois então é que a Júlia não gosta de que lhe chame estúpida!! Mas ela é estúpida e não me faz caso... e...
E era essa culpazinha ali comichando... caladinha....
Soberbio!. lulú
ResponderExcluirCómo nos comen por dentro esas pequeñas culpas!!! Gracias. Besos
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